A fissura labiopalatina é uma condição congênita comum, caracterizada por uma abertura no lábio, no palato (céu da boca) ou em ambos, decorrente de uma falha na fusão dos tecidos durante o desenvolvimento embrionário.
Ela ocorre em cerca de 1 a cada 700 nascimentos vivos, podendo variar conforme fatores étnicos, genéticos e ambientais. A maioria dos casos (aproximadamente 70%) é isolada, ou seja, não está associada a síndromes genéticas. Os demais casos podem fazer parte de síndromes genéticas, como a Síndrome velocardiofacial (Deleção 22q11).
As fissuras são classificadas de acordo com a localização:
- Fissura de lábio: afeta o lábio superior, podendo ser unilateral ou bilateral, completa ou incompleta.
- Fissura de palato: afeta o palato (céu da boca), podendo envolver o palato mole, duro ou ambos, completa ou incompleta.
- Fissura labiopalatina: combina alterações no lábio e no palato, podendo ser unilateral ou bilateral, completa ou incompleta.
- Fissura submucosa: é um tipo de fissura de palato incompleta, pode ser caracterizada pela tríade, entalhe ósseo, diastase muscular e úvula bífida. Pode passar despercebida ao nascimento e causar alterações na fala ou alimentação mais tarde.
O tratamento é interdisciplinar, com envolvimento de profissionais de diferentes áreas: cirurgiões, otorrinolaringologistas, foniatras, fonoaudiólogos, ortodontistas, pediatras, psicólogos, assistentes sociais e outros, conforme a necessidade de cada criança.
O ideal é que o acompanhamento tenha início ainda durante a gestação, com orientações à família e planejamento do cuidado ao nascimento. Logo nos primeiros meses de vida, podem ser indicadas:
- Queiloplastia (cirurgia do lábio): geralmente realizada por volta dos 3 meses de idade;
- Palatoplastia (cirurgia do palato): idealmente entre 9 e 18 meses, dependendo da equipe e da situação clínica;
Outras cirurgias complementares, como faringoplastias ou enxertos ósseos, podem ser necessárias posteriormente, conforme a evolução.
Com diagnóstico precoce, cirurgias bem indicadas e acompanhamento em equipe, as crianças com fissura labiopalatina têm excelente potencial de desenvolvimento em todos os aspectos — inclusive na fala, audição, linguagem, alimentação e autoestima.
Aqui estão os pontos mais importantes: