Apraxia da Fala na Infância  

O que é a Apraxia de Fala na Infância (AFI)?

 

A Apraxia de Fala na Infância (AFI) é um transtorno do som da fala (TSP) que afeta a precisão e a consistência dos movimentos necessários para a fala, sem que haja alterações neuromusculares, como fraqueza ou tônus anormal. Crianças com AFI apresentam dificuldades para planejar e coordenar os movimentos da fala, resultando em produção inconsistente, dificuldades na sequência de sílabas e alterações na prosódia.

 

Quais são os sinais da Apraxia de Fala na Infância?

 

Os sintomas da Apraxia de Fala na Infância (AFI) podem variar de criança para criança, mas os sinais mais comuns incluem:

🔹 Fala de difícil compreensão, mesmo após os 3 anos de idade.
🔹 Dificuldade para combinar sons e formar palavras.
🔹 Produção inconsistente das mesmas palavras ao serem repetidas.
🔹 Alterações na prosódia (ritmo e entonação da fala).
🔹 Dificuldade para imitar sons e palavras.
🔹 Evolução mais lenta durante a terapia fonoaudiológica.

 

Além disso, algumas crianças com AFI também podem apresentar:

🔸 Dificuldades na alimentação (mastigação, deglutição ou seletividade alimentar).

🔸 Alterações na linguagem.
🔸 Dificuldades escolares.

🔸 Alterações no processamento sensorial.
🔸 Alterações no desenvolvimento da coordenação motora fina e/ou global.

 

O que causa a Apraxia de Fala na Infância?

 

A Apraxia de Fala na Infância (AFI) é um transtorno do neurodesenvolvimento com origem multifatorial. Embora muitos casos podem ocorrer sem uma causa aparente (idiopática), alguns casos pode estar associada a fatores genéticos ou estar associada a outras condições do desenvolvimento ou síndromes.

 

As principais causas identificadas podem incluem:

 

🔸 Fatores genéticos – Estudos indicam que mutações em determinados genes, como FOXP2, KIAA0319, CNTNAP2 e outros, podem estar envolvidas no desenvolvimento da AFI, sendo essa uma das causas mais frequentemente investigadas.

🔸 Síndromes genéticas – A AFI pode estar presente em crianças com síndromes que afetam o desenvolvimento motor da fala, como:

Síndrome de Down – Algumas crianças com a síndrome apresentam características compatíveis com AFI, além de dificuldades motoras gerais.
Síndrome do X Frágil – Embora mais frequentemente associada a déficits cognitivos, também pode apresentar AFI como uma de suas características.
Síndrome de Pitt-Hopkins – Relacionada a dificuldades severas na fala e comunicação.
Síndrome de 22q11.2 (DiGeorge/VCFS) – Conhecida por causar dificuldades na fala e linguagem, com relatos de AFI em algumas crianças.

🔸 Distúrbios neurológicos – Em alguns casos, a AFI pode estar associada a lesões cerebrais, prematuridade extrema ou eventos que afetem o desenvolvimento motor da fala.

🔸 Condições do neurodesenvolvimento – A AFI pode estar presente em crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL) e outras condições que afetam a aquisição da comunicação.

🔸 Forma idiopática – Em algumas crianças, a AFI ocorre sem uma causa aparente, sem associação clara com fatores genéticos ou outras condições médicas conhecidas.

 

Diante da complexidade da AFI, uma avaliação foniátrica detalhada é essencial para um diagnóstico preciso e o planejamento de intervenções personalizadas.

 

Qual a relação entre Apraxia de Fala e dificuldades na linguagem e leitura?

 

A AFI não afeta apenas a fala, mas também pode impactar o desenvolvimento da linguagem e da alfabetização. Como as crianças com AFI produzem fala de forma inconsistente, elas podem receber menos feedback auditivo adequado, o que prejudica a construção do vocabulário e o desenvolvimento da leitura e da escrita.

Pesquisas indicam que crianças com AFI podem apresentar dificuldades em:
🔹 Desenvolvimento do vocabulário e compreensão verbal.
🔹 Memória fonológica e repetição de pseudopalavras.
🔹 Leitura e habilidades fonológicas, essenciais para a alfabetização.

 

A Apraxia de Fala pode ter diferentes níveis de gravidade?

 

A ASHA (American Speech-Language-Hearing Association) não classifica oficialmente a Apraxia de Fala na Infância (AFI) em subgrupos com base na gravidade ou no desempenho em vocabulário e leitura. No entanto, a literatura científica reconhece a variabilidade clínica e a heterogeneidade do quadro, incluindo possíveis impactos secundários na linguagem e na alfabetização, especialmente nos casos mais graves.

Um estudo recente, por exemplo, sugere que a AFI pode ser organizada em subgrupos conforme a gravidade das dificuldades de fala, leitura e vocabulário. Essa proposta de classificação pode contribuir para a personalização do tratamento e a obtenção de melhores resultados terapêuticos.

 

Esses subgrupos podem ser descritos da seguinte forma:

📌 Leve: dificuldades sutis na fala, com vocabulário e leitura preservados.
📌 Moderado: dificuldades na fala e na leitura, com vocabulário próximo ao esperado.
📌 Grave: prejuízos importantes na fala, leitura e vocabulário.

 

Embora essa divisão ainda não seja oficial, reconhecer esses perfis pode ser extremamente útil para orientar intervenções precoces e intensivas, com o objetivo de reduzir os impactos acadêmicos e sociais no desenvolvimento da criança.

 

Como é realizado o dianóstico de Apraxia de Fala na Infância ?

 

O diagnóstico da AFI é clínico e deve ser realizado por um médico especializado, como foniatra, com base na análise das dificuldades de fala, prosódia e sequenciamento motor. Não há um exame específico para diagnosticar a AFI, mas a avaliação pode incluir:


✅ Observação da produção da fala espontânea e repetição de palavras.
✅ Testes de sequenciamento de sílabas e variação fonética.
✅ Avaliação da prosódia (ritmo e entonação da fala).
✅ Testes de habilidades fonológicas e leitura.

 

Em alguns casos, avaliações complementares, exames de imagens, exames genéticos e outros podem ser solicitados para investigar associações com mutações genéticas.

 

Quando procurar um especialista?

 

Se a criança apresentar dificuldades persistentes na fala, mesmo após os 3 anos, e apresentar características como fala inconsistente, dificuldades para juntar sílabas e alterações no ritmo da fala, é importante buscar avaliação com um médico foniatra.

O diagnóstico e o tratamento precoces fazem toda a diferença para o desenvolvimento da comunicação e da aprendizagem!

 

Referências bibliográficas

 

📖 Stein CM, Benchek P, Miller G, et al. Feature-driven classification reveals potential comorbid subtypes within childhood apraxia of speech. BMC Pediatrics, 2020.
📖 Alduais A, Alfadda H. Childhood Apraxia of Speech: A Descriptive and Prescriptive Model of Assessment and Diagnosis. Brain Sci. 2024.
📖 American Speech-Language-Hearing Association (ASHA). Childhood Apraxia of Speech – Definitions and Guidelines.
📖 Stackhouse J, Wells B. Children’s Speech and Literacy Difficulties.

 

Dra. Mônica Elisabeth Simons Guerra

CRM-SP 109056 | RQE 24850
Otorrinolaringologista e Foniatra

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