A linguagem é uma das mais complexas e poderosas expressões humanas. Por meio dela, comunicamos sentimentos, vontades, ideias e conhecimentos. É com a linguagem que refletimos sobre o passado, planejamos o futuro, nos conectamos com os outros e participamos ativamente da vida em sociedade. Ela também é um elemento central da cultura e da identidade coletiva.
No Transtorno do Espectro Autista (TEA), os perfis de linguagem são extremamente variados. Um dos critérios diagnósticos do TEA, segundo o DSM-5, é a dificuldade na comunicação social — o que inclui falhas na linguagem não verbal, na reciprocidade e na construção de relações interpessoais. Mesmo crianças que já falam podem apresentar prejuízos importantes na linguagem pragmática, ou seja, na forma como utilizam a linguagem em contextos reais: entender ironias, piadas, metáforas, dar turnos de fala, perceber o que o outro sente ou manter um diálogo com função social.
Além disso, muitas crianças com TEA apresentam alterações estruturais da linguagem — como dificuldades fonológicas, vocabulário restrito, falhas na organização de frases e no discurso narrativo. Em casos mais severos, observamos o perfil minimamente verbal, com uso de poucas palavras, ecolalias, jargões ou vocalizações não funcionais como forma de comunicação.
De forma geral, podemos encontrar no espectro:
- Crianças com ausência ou atraso importante da fala;
- Crianças com ecolalia imediata ou tardia, inversões pronominais e entonação incomum;
- Crianças com fala formal ou pedante, mas pouco funcional;
- Crianças com bom vocabulário, mas dificuldades pragmáticas importantes.
É por isso que a avaliação da linguagem no TEA precisa ser criteriosa, profunda e feita por profissionais especializados. Não basta verificar se a criança “fala”: é essencial analisar como ela se comunica, que funções comunicativas utiliza, que tipo de linguagem compreende e como participa das interações sociais.