Autismo e Atraso de Fala e Linguagem

Autismo e Atraso de Fala e Linguagem: Quando se Preocupar e o que Fazer?

 

O desenvolvimento da linguagem é uma das maiores preocupações de pais de crianças pequenas. No autismo, um dos grandes desafios pode ser justamente a fala e a linguagem.

Quando a fala demora a surgir, surgem também muitas dúvidas: será que é só um atraso? 

Este texto responde às principais perguntas sobre autismo e linguagem, com base na experiência clínica e científica da foniatria.

 

1. Atraso de fala sempre significa autismo?

 

Não. Embora o atraso de linguagem seja um dos sinais de alerta do TEA, ele não é exclusivo do autismo. Outras causas devem ser consideradas, como o Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL), perda auditiva, deficiência intelectual ou até mesmo fatores ambientais e emocionais.

Por isso, é fundamental realizar uma avaliação criteriosa e interdisciplinar, que envolva profissionais como foniatras, fonoaudiólogos, neuropediatras e outros.

No entanto, vale destacar que o atraso de fala e linguagem pode sim fazer parte do diagnóstico de TEA, e identificar isso precocemente faz toda a diferença. Terapias especializadas iniciadas no momento certo podem mudar o futuro da criança, favorecendo o desenvolvimento da linguagem, da comunicação e das interações sociais.

 

2. Como a linguagem aparece nos critérios diagnósticos do autismo?

O Critério A do DSM-5 descreve as dificuldades persistentes na comunicação social e na interação social. Isso inclui não apenas a fala, mas também falhas como:

  • troca recíproca na conversa,
  • uso de gestos, contato visual e expressões faciais,
  • compreensão e uso da linguagem em contextos sociais.

 

Ou seja, mesmo que a criança fale, pode ter um transtorno de linguagem pragmática que prejudica a comunicação funcional.

3. Quais são os diferentes perfis de linguagem no autismo?

A linguagem é uma das mais complexas e poderosas expressões humanas. Por meio dela, comunicamos sentimentos, vontades, ideias e conhecimentos. É com a linguagem que refletimos sobre o passado, planejamos o futuro, nos conectamos com os outros e participamos ativamente da vida em sociedade. Ela também é um elemento central da cultura e da identidade coletiva.

 

No Transtorno do Espectro Autista (TEA), os perfis de linguagem são extremamente variados. Um dos critérios diagnósticos do TEA, segundo o DSM-5, é a dificuldade na comunicação social — o que inclui falhas na linguagem não verbal, na reciprocidade e na construção de relações interpessoais. Mesmo crianças que já falam podem apresentar prejuízos importantes na linguagem pragmática, ou seja, na forma como utilizam a linguagem em contextos reais: entender ironias, piadas, metáforas, dar turnos de fala, perceber o que o outro sente ou manter um diálogo com função social.

 

Além disso, muitas crianças com TEA apresentam alterações estruturais da linguagem — como dificuldades fonológicas, vocabulário restrito, falhas na organização de frases e no discurso narrativo. Em casos mais severos, observamos o perfil minimamente verbal, com uso de poucas palavras, ecolalias, jargões ou vocalizações não funcionais como forma de comunicação.

De forma geral, podemos encontrar no espectro:

  • Crianças com ausência ou atraso importante da fala;
  • Crianças com ecolalia imediata ou tardia, inversões pronominais e entonação incomum;
  • Crianças com fala formal ou pedante, mas pouco funcional;
  • Crianças com bom vocabulário, mas dificuldades pragmáticas importantes.

É por isso que a avaliação da linguagem no TEA precisa ser criteriosa, profunda e feita por profissionais especializados. Não basta verificar se a criança “fala”: é essencial analisar como ela se comunica, que funções comunicativas utiliza, que tipo de linguagem compreende e como participa das interações sociais.

 

4. Como deve ser uma terapia eficaz para linguagem no TEA?

 

A intervenção deve ser:

  • precoce, iniciada o quanto antes;
  • individualizada, respeitando o perfil e o estágio de desenvolvimento da criança;
  • centrada na comunicação social e não apenas na repetição de palavras ou treinos de fala.

É fundamental incluir a família no processo e utilizar recursos como a CAA, quando necessário, sem medo de que isso atrase a fala — pelo contrário, pode até facilitá-la.

 

5. Por que não se deve tratar a linguagem como um comportamento a ser treinado?

Porque linguagem não é apenas emissão de sons ou palavras. Ela envolve redes cerebrais complexas relacionadas à cognição, motivação, percepção social e atenção conjunta. Abordagens que tratam a fala como um comportamento isolado podem até gerar palavras, mas não necessariamente comunicação funcional.

 

6. Toda criança com suspeita de autismo deve fazer audiometria?

Sim. Avaliar a audição é um passo fundamental — e muitas vezes negligenciado — no processo diagnóstico de crianças com atraso de fala ou suspeita de Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Mesmo em bebês a partir dos 6 meses de idade, já é possível realizar uma avaliação auditiva confiável por meio de testes como:

  • Audiometria com reforço visual ou audiometria condicionada (em crianças que sustentam a cabeça e respondem a estímulos);
  • Emissões Otoacústicas (EOA);
  • Impedanciometria (avaliando a mobilidade do tímpano e presença de líquido);
  • BERA – Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (especialmente útil em crianças que ainda não colaboram com testes comportamentais).

Esses exames são importantes porque é muito comum, nessa faixa etária, a ocorrência de otite média secretora — um acúmulo de líquido no ouvido médio que pode causar perda auditiva condutiva temporária. Embora muitas vezes passageira, essa perda auditiva pode prejudicar significativamente o desenvolvimento da linguagem se não for identificada e tratada a tempo.

 

Em crianças com TEA ou suspeita diagnóstica, esse cuidado precisa ser ainda mais atento. Muitas vezes, encontramos perdas auditivas leves ou moderadas, associadas ou não a infecções de ouvido, que interferem diretamente na percepção da fala e na comunicação.

 

Portanto, a avaliação auditiva deve fazer parte da rotina em qualquer investigação de atraso de linguagem, pois ouvir bem é condição essencial para desenvolver linguagem oral. Diagnosticar precocemente qualquer alteração — seja no espectro autista ou fora dele — é o primeiro passo para intervenções mais eficazes e personalizadas.

 

7. O que pode parecer autismo, mas não é?

 

Existem vários diagnósticos diferenciais que precisam ser considerados:

 

  • Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL),
  • perda auditiva,
  • deficiência intelectual,
  • apraxia de fala infantil,
  • síndromes genéticas,
  • situações de negligência ambiental ou distúrbios emocionais.

 

A análise cuidadosa do desenvolvimento global da criança é fundamental para um diagnóstico correto — por isso a participação de um foniatra pode fazer toda a diferença.

 

O foniatra é o médico especialista na interface entre linguagem, audição, cognição e desenvolvimento. Sua função é integrar os dados clínicos, realizar hipóteses diagnósticas diferenciais e orientar o plano terapêutico em conjunto com outros profissionais, como fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais e educadores.

 

Dra. Mônica Elisabeth Simons Guerra

CRM-SP 109056 | RQE 24850
Otorrinolaringologista e Foniatra

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Localização

A Dra. Mônica Elisabeth Simons Guerra atende na Clínica Pro ORL em parceria com a Clínica La Vie. Localizado entre as estações de metros Ana Rosa e Paraíso. No local tem estacionamento próprio. 

 

Para entrar em contato, envie um e-mail para monica.proorl@gmail.com

 

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