A linguagem oral depende diretamente da audição, especialmente da percepção auditiva, que se relaciona à memória auditiva, à discriminação de sons e a outros processamentos auditivos. Também envolve a atenção e os mecanismos corticais de alta ordem necessários para interpretar e compreender as informações. A partir disso, o cérebro elabora uma fala adequada, com formação fonológica, vocabulário, estrutura de frases, coerência e prosódia (ritmo e entonação).
Nos primeiros anos de vida, é comum que a criança imite, analise suas próprias respostas, corrija erros e construa progressivamente sua elaboração linguística. Esse processo depende da interação com as pessoas, principalmente com sua família, além de mecanismos de percepção, atenção e ajustes motores.
No entanto, a linguagem não depende apenas da audição. Ela também envolve a percepção visual, essencial para compreender expressões faciais, movimentos labiais, gestos, imagens e outras pistas presentes no ambiente comunicativo. O cérebro interpreta essas pistas visuais e as integra com informações auditivas e motoras, ajudando a entender melhor o mundo e a comunicação.
Outro componente fundamental é o ato motor da fala, uma função práxica — ou seja, um movimento aprendido que, com a prática, se torna automatizado. Essa função verbal e oral permite programar e coordenar os movimentos articulatórios necessários para a produção da fala. O tato, a propriocepção (percepção da posição e movimento do corpo) e a consciência do próprio corpo também são importantes para ajustar a fala com precisão.
Assim, a linguagem mantém uma íntima relação com o processamento sensorial. Por esse motivo, muitas crianças e adultos com transtornos de fala e linguagem apresentam também alterações sensoriais — trata-se de uma relação direta, embora possa se manifestar de formas diferentes em cada pessoa.
Quando o cérebro não consegue filtrar bem os estímulos ou integra essas informações de forma atípica, compreender e organizar a fala se torna muito mais difícil. Essa dificuldade se intensifica em ambientes ruidosos ou com excesso de estímulos, nos quais a sobrecarga sensorial compromete a atenção, a clareza e a fluência da comunicação.